21/09/2016

Produto Nacional: Entrevista com Lhaisa Andria


Sejam bem-vindos a mais um "Produto Nacional", hoje com a entrevista da Lhaisa Andria.
Lembram que prometemos uma surpresa para complementar o post da semana passada, onde falamos da trilogia (até então...) Almakia (AQUI)?!
Bem, cá estamos!

Eu (Bianca) tive a oportunidade de conhecer ela pessoalmente, num evento literário que aconteceu na capital, há alguns anos (uns dois ou três, não mais que isso) e ela é simplesmente fantástica e muito querida!
Amo! 

E ela também aceitou fazer parte do time de autores - e outros profissionais que também se envolvem com livros e afins, mas que é surpresa também - que estão participando desta entrevista.

'Bora lá, conhecer um pouco mais de Lhaisa Andria!

EL&E: Quando você começou a escrever?

L.A.: Sempre gostei de histórias, desde quando eu apenas ouvia e assistia, até realmente começar a ler. Acho que esse foi o grande diferencial. Porque quando pensei em começar a escrever, mesmo que na época fosse apenas uma brincadeira, eu já tinha muito conteúdo de base. Sabia a estrutura de cada tipo de texto, sabia definir personagens, sabia fazer pontos de corte de narrativas. Enfim, foi só lapidar. Então, lá na minha época de colegial (junto com a Paula Vendramini), resolvemos escrever fanfics*, e deu muito certo, foi nosso lapidar. Nós nos divertíamos tanto que não demorou muito para sermos reconhecidas por isso. Virou nossa função dentro do grupo de teatro que participávamos escrever os roteiros. Logo vimos que nossas fanfics de comédia tinham muitos leitores, e investimos bastante nisso (Princess vs Witche é nosso primeiro trabalho com essa aura de diversão que o pessoal gostava tanto xD). Alguns anos depois, escrever fanfic era algo que simplesmente acontecia em nossas vidas. Então, por que não dar um passo maior em direção a uma produção própria?!
Claro que nunca pensamos que seria algo mais fácil de alcançar, mas alcançamos muito antes do que imaginamos xD. Desde lá, ainda estamos aprendendo a ser profissionais, mas temos muito orgulho do que nos tornamos.
Obs:. Inevitável falar do plural e inevitável não falar da Paula em qualquer entrevista xD

EL&E: Como é para você escrever? (O que sente? O que te motiva a contar histórias? O que acredita que elas fazem com quem as lê? Como é seu processo de criação?)
L.A.: Tem gente que sabe e gosta de cozinhar, outras de dirigir carros, outras de jogar futebol, outras de pilotar aviões... Eu gosto de escrever! Foi onde encontrei o que eu gostaria de fazer para o resto da vida. Na verdade, não é bem escrever, mas sim, criar histórias, lidar com as personagens, fazer elas crescerem e conquistarem os leitores. É um tipo de mágica que aprendi e quero viver com ela para o resto da vida xD. Desde pequena sempre fui muito empolgada com histórias, parava tudo o que eu estava fazendo para acompanhar uma. Minha mãe conta que, quando eu era bebê e ela precisava limpar a casa, era só me colocar na frente da TV que eu ficava quieta, prestando atenção. Não sou de dizer que nascemos com uma missão pré-definida, destino ou coisa assim; porém, realmente parece que tudo na minha vida me levou a isso xD.
O "eu" que escreve e o "eu" que lê o que foi escrito depois de algum tempo são pessoas diferentes. Por isso, quando eu escrevo, estou totalmente envolvida com a criação. Não exatamente vivendo a história, mas tentando pensar em absolutamente tudo o que é necessário para esse processo. Quando eu leio o que escrevi, sou uma leitora e avaliadora, e me critico ou parabenizo xD. Acredito que histórias são incentivadoras, e uma pessoa motivada pode mudar o mundo. Não posso mudar o mundo apenas escrevendo, mas se o que escrevo consegue alcançar o coração de alguém e, de alguma forma, a incentivar a ser uma pessoa melhor, acho que já é algo a ser comemorado xD.
Sobre o processo de criação, não tenho o método que sigo a risca xD. Tempo sempre é uma dificuldade, e o que prevalece é o que dá pra fazer no momento. Fazer de momento = pensei em algo super legal para a história, corro para encontrar um papel, celular, o que for... para anotar. Quando der, eu ajeito essas ideias em um arquivo no computador em um esquema de acontecimentos por capítulos. Depois, quando eu tiver mais tempo, desenvolvo já no formato de história essas ideias xD. Sempre volto e vou para frente no andamento, modificando, acrescentando, reescrevendo... O livro só para de ser escrito mesmo quando é publicado, porque aí não tem jeito de mexer no que já foi impresso xD.
Mas, deixando de lado essa parte do ato de escrever, tem algumas coisas que eu acho indispensáveis no processo de construção de história: as personagens precisam ser bem definidos, porque o conjunto de defeitos e habilidade delas é que vão fazer elas serem únicas e tomarem decisões únicas dentro da história; o ambiente precisa ser bem estabelecido, porque as personagens precisam andar com confiança nele e os leitores também; a trama precisa ser algo que surpreenda o leitor não somente no final, mas de várias formas... Enfim, tem que ser algo que vale a pena ser lido e relido xD Eu gosto de histórias assim como leitora, e quero escrever histórias que eu gostaria de ler e ter na minha estante e incentivar os outros a lerem e contar para meus filhos... Enfim, já falei demais aqui, desculpa xD

EL&E: O que a inspirou a escrever sobre o universo dos seus livros?
L.A.: A magia xD. Sempre adorei universos de magia, poderes, história de pessoas que sem querer estão em uma situação de salvar o mundo e então se esforçam e dão o seu melhor para isso acontecer (ou não)... Quando comecei Almakia, era um romance meio "água-com-açúcar" (e não era Almakia ainda xD). Eu tinha tomado a decisão de escrever um romance (para mim) ser mais simples, algo que seria mais fácil de começar (ou tentar) essa coisa de ser escritora. Só que não andou, eu não conseguia escrever. Eu olhava para aquele texto e perguntava: O que exatamente você está tentando fazer, Lhaisa? Aí tomei a decisão de jogar toda a trama no mundo da magia e tudo fluiu xD.
Tenho mais confiança nesse meio. Não é exatamente o mais fácil, mas de longe é onde me saio melhor. Hoje estou escrevendo um romance sem magia alguma e, dessa vez, sei o que estou fazendo. Mas, o que eu era cinco anos atrás, sem ter a confiança de escritora que tenho hoje, não sairia do lugar com romances xD.
Originalmente, a ideia de Almakia veio de adaptar a última fanfic que eu escrevi para um livro. Muitos leitores do meio em que eu publicava já tinham me pedido isso, e eu pensei "pq não?". A fanfic era uma mistura do universo de Harry Potter com a trama de um seriado japonês chamado Hana Yori Dango. O que permaneceu de Harry Potter foi a ideia de se ter um lugar onde crianças com poderes são treinadas; e do seriado foi algumas características fortes de algumas personagens. Quem assistir Hanadan vai encontrar de vilashi e Dragões, e ao mesmo tempo vai perceber que não são eles xD.

EL&E: Qual personagem você teve mais prazer em escrever? Por que?
L.A.: Adoro meus personagens, todos eles! Sabe aquela coisa de mãe com muitos filhos dizer que tem um espaço igual no coração para cada um deles? Pois é xD. Eu sou daquelas escritoras que choram de orgulho de algo que a personagem faz, seja ela um dos principais, secundários ou os aleatórios que aparecem por um momento só (mãe da Ame-ru! xD). Mas, para conseguir responde a pergunta, vou escolher uma personagem por livro e falar dos motivos de gostar delas:
Almakia I - A Vilashi e os Dragões: a vilashi xD. Garo-lin não é bem a personagem principal, mas é através dela que iniciamos e vamos conhecendo toda a história. No começo, ela é excluída por ser uma vilashi. Porém, quando ela toma a decisão de ser quem ela realmente é e não o que os outros pensam dela, passa a ver o mundo de outra forma. Assim, ela percebe que ela tinha muito mais preconceitos do que os próprios almakins xD. Um princípio que eu coloquei nela como personagem e que me faz ter muito orgulho dela é: você só pode mudar o mundo se primeiro mudar você mesmo.

Almakia II - Além dos Segredos: a kodorin. Todo mundo gosta da Kidari por ela ser uma fofa. Então, ninguém pensa muito sobre o que ela realmente é e exatamente por ela está ali na história. Quando ela finalmente se revela (meio que forçada), percebemos o quanto ela é forte e o quanto ela gostaria de poder ser normal, de realmente ser classificada pelos outros apenas como fofa xD.

Almakia III - Instituto Dul'Maojin: o Dragão líder: Krission é aquele que todo mundo se movimenta em volta dela sabendo que ele será o próximo a comandar. Porém, ninguém quer saber exatamente como ele fará isso. Então, por muito tempo, pensamos que ele é só uma figura de poder. Aí, quando ele realmente diz que vai assumir o poder, e realmente assume, mesmo que da forma absoluta dele, de fato vemos ele como um líder. Nesse livro, tenho maior orgulho dele, da Garo-lin e do que eles fazem xD.

Obs:. Perceberam que são todos os personagens da capa, não? Então, já fica aqui a dica de como eu estabeleço quem vai estar na capa de cada livro xD.

Princess vs Witch - A fada. Nossa, super difícil escolher uma personagem dessa história, porque todos eles são extremamente diferentes um dos outros e não tem como desgostar de nenhum. Mas, escolhi aquela secundária que só aparece no meio da história e que na concepção original que Paula e eu tivemos da personagem, era para ela ser odiada pelos leitores. Mas, gente, a Mah consegue ser uma metida adorável! Não tem como não gostar dela! xD.
É aquela personagem que você não espera nada, porque ela parece ser só um estorvo, e de repente ela pode salvar o mundo xD.

EL&E: Na(s) trama(s) da(s) sua(s) história(s) tem algum elemento ou fato que retirou da sua vida pessoal, algum trauma ou experiência marcante fantasiada na narrativa?
L.A.: Não é exatamente um fato exclusivamente meu, mas foi algo que eu vivi e que acho que vai se repetir em todas as minhas histórias. Na época da escola, mesmo que eu não tivesse noção ainda disso, Paula e eu sonhávamos alto e realmente fazíamos coisas pensando em chegar lá um dia. Acho que é mais fácil para quem está de fora pensar em atletas que treinando desde pequeno do quem em quem escreve, então fica nesse paralelo. Em contraste, quase ninguém da nossa turma tinha essa força de vontade de pensar no futuro. Juntando a tudo isso ainda os preconceitos, vários deles. O preconceito criava barreiras gigantes e hoje eu penso no tanto que poderíamos ter feito se na época soubéssemos lidar com essas barreiras. Então, coloco muito disso nas minhas histórias. Aquilo que respondi lá em cima, de não poder mudar o mundo, quem sabe mudar uma pessoa que pode mudar o mundo: se ao ler meus livros as pessoas aprendam que "Não importa de onde viemos, mas sim que estamos aqui", já é algo grande xD.
Outra coisa que também não é uma experiência marcante, mas meio que uma decisão: prefiro fazer as pessoas sorrirem do que chorarem xD. Paula e eu aprendemos isso com as fanfics de comédia, e é alfo que queremos colocar nos nossos livros. A série Versus e os romances que estão por vir são todos focados nessa decisão xD.

EL&E: Qual foi o autor ou autora, que mais lhe inspirou a escrever? Qual frase ou ação dele(a) que lhe motiva até hoje e que usa como referência de grandes mudanças na literatura?
L.A.: J. K. Rolling com Harry Potter foi uma grande incentivadora, não exatamente inspiração. Acho que inspiração vem de vários momentos, pessoas, situações, e precisa sempre ser renovada. Sobre uma frase, tem uma que sempre falo porque ela meio que resumo o que eu penso sobre ser escritora, do Robert McKee (Story): "Contar uma história é fazer uma promessa: se você me der sua atenção, eu lhe darei a surpresa, seguida do prazer de descobrir a vida, suas dores e alegrias em níveis e direções que você nunca imaginou."

EL&E: Possui alguma mania ou peculiaridade quando está escrevendo? Por exemplo, coloca um estilo de música especial, se tranca num quarto por horas, faz jejum enquanto escreve um capítulo, escreve de pé, etc.
L.A.: Nunca fui muito de acreditar que ouvir música ajudava a escrever, mas realmente ajuda na concentração xD. Gosto muito de trilhas sonoras, então sempre coloco uma seleção aleatória delas para tocar enquanto escrevo. Acho que é isso mesmo. Não gosto de interromper o processo de escrita, mas me trancar no quarto em casa não adianta xD. Então, prefiro realmente esperar por um dia que sei que vou ter um tempo tranquilo do que insistir em um agitado. 
E, gente, maravilhas do chocolate amargo e café, nada de jejum xD.

EL&E: Há diversos autores que foram consagrados com um gênero específico de literatura e quando escreveram algo fora disso, não foram tão bem-sucedidos. Hoje, você se imagina escrevendo algo diferente do estilo que vem publicando? E, se sim, como acha que lidaria se o seu novo gênero não fosse tão bem-aceito como o anterior?
L.A.: Já meio que respondi isso lá em cima, mas vou desenvolver melhor aqui. Quando escrevi o Almakia I, o que deu certo para a pessoa que eu era foi um mundo fantástico narrado em terceira pessoa. Um tempo depois, com Princess vs Witch, Paula e eu fugimos desse padrão e resolvemos fazer uma fantasia colorida não apenas narrada em primeira pessoa, mas com várias primeiras pessoas. Deu muito certo xD. Hoje, estamos quase terminando algo novo para nós e que estamos apostando que vai dar certo: comédia-romântica narrada em primeira pessoa. Acho que você tem que se desafiar a escrever coisas diferentes, mas também aceitar e desistir quando você percebe que não vai dar certo. Às vezes, pode ser o momento, poder ser porque falta você aprender um pouco mais, perder alguns medos... Enfim, tentar sempre é válido! xD

EL&E: Como você publicou seu livro? Como foi o contato com a editora: você a procurou ou ela procurou?
L.A.: Primeiro veio a decisão de realmente escrever um livro. Quando tínhamos o original pronto, Paula e eu começamos a mandar eles para as editras (Paula com Kassan e eu com o Almakia I). Como não podíamos enviar impressos dos livros para todas as editoras, ficaria muito caro, decidimos primeiro tentar enviar só para aquelas que aceitavam originais por e-mail ou formulários eletrônicos. Passamos 2011 tentando, e bem na última semana recebemos o "sim" da MODO. Eles gostaram muito dos nossos livros, nos falaram sobre ser uma editora pequena que estavam começando e que gostariam de apostar em livros como os nossos.
Desde então estamos com a MODO, crescendo com eles. Em 2014 veio a ideia do Selo Lumus, de destacar o que tem de melhor dentro da editora. Se não tivéssemos dado certo com a MODO, nossa intenção era mandar os originais impressos mesmo xD. Sim, pensamos em hoje tentar outras editoras também, mas primeiro queremos deixar os trabalhos do Selo bem encaminhados. Quem sabe com essa comédia-romântica...

EL&E: Como encara o alto investimento de grandes editoras em livros internacionais?
L.A.: Olha, vivo de perto vários lados: o dos escritores, o das editoras e o das livrarias. Livros que chegam no Brasil já passaram por uma peneira em seus próprios países e já ganharam certa fama, também já deram um retorno que, aos olhos de quem investe, é um atrativo. Aqui no Brasil, vivemos a peneira, o que deixa tudo mais complicado.
Muitos pensam em se destacar através de concursos, mas sempre é bom lembrar que geralmente os escolhidos são histórias mais "literárias" do que "comercial". Quem pode apostar no comercial, escolhe muito bem e só aceita algo que realmente vai dar retorno. Não é bom nem para a editora nem para as livrarias investir em um livro que não terá saída. Aí também entra a mentalidade dos escritores: o trabalho não acaba depois de o livro publicado. Na verdade, é mais difícil depois de receber o "sim" do que antes xD.
Por isso, acho que coisas como fanfics e publicações independentes são válidas, porque servem para nos aprimorar e mostrarmos potencial. Deixamos coisas que gostamos e que poderíamos ter de lado por um tempo, para investir em nossos sonhos; Eles podem dar resultados, desde que realmente o que temos para mostrar seja bom xD.
Olha o caso do André Vianco, o que ele fez e onde ele chegou. É possível, mas precisamos fazer muito mais por nós mesmo do que esperar que outros façam por nós. xD

EL&E: Em relação a arte de capa e da parte interna do seu lviro, você gerenciou ela meticulasamente ou deu a ideia de como imaginava e criaram para vocês?
L.A.: Em 2012 eu não fiz nada, e achava tudo lindo xD.
Por isso a primeira versão do meu livro saiu cheia de erros. Eu não sabia exatamente o que eu deveria aprovar. Mas, por um lado foi bom, já que com essa experiência aprendi que preciso ser bem cuidadosa em todas as etapas de produção. Aprendi tanto, que hoje eu mesma faço a produção. Faço a diagramação dos livros do Selo Lumus. Refiz todas as diagramações dos livros da série Almakia. Só não faço as capas, porque eu realmente não tenho talento para mexer com as ferramentas. Dou as ideias e falo o que eu quero, mas sei que ainda não tenho capacidade para fazer uma. Quem sabe, mais para frente :D.
Aprende a fazer diagramação, por que não tentar as capas tbm? xD
Para a capa do livro 1 de Almakia eu não tinha absolutamente nenhuma ideia, e fui muito pelo que a capista pediu. Depois um amigo veio com uma ideia genial de lustração, e ainda penso em tornar isso realidade um dia. A partir da primeira capa, ficou mais fácil decidir como seriam as seguintes xD. O livro 4 já tem capa definida e, em breve, revelada \o/
Para Princess vs Witch, eu tinha uma ideia e o mesmo amigo que sugeriu a ilustração, dessa vez realmente fez ela para mim xD. Ficou muito bom, e já sei o que quero para as capas dos outros 2 livros da série que estão sendo escritos. Para a comédia-romance, também tenho uma ideia, mas vou ver se consigo colocar em prática xD.

EL&E: Como você, escritor(a) e também amante da literatura, explicaria o fato dos brasileiros leem tão pouco? Que medidas você acredita que deveriam ser feitas para melhorar nossa média anual de leitura?
L.A.: Acho que nem todo mundo encontrou uma história que goste. Afinal, não importa muito o recipiente, mas o conteúdo. Se você só gosta de vídeo games, pode muito bem ler um livro de um jogo (uma coisa que mais vendo na livraria são livros de Minecraft, para meninos que dizem não gostar de ler xD). Se você gosta muito de futebol, por que não ler um arquivo histórico das copas ou biografia daquele jogador que é o seu ídolo? Você diz que odeia ler, mas correu para comprar o livro daquele youtuber na pré-venda, não é?! xD.
Uma das coisas que faço muito sendo vendedora na livraria é investigar o que o pessoal realmente gosta e dar sugestões. Às vezes, isso poder a porta de entrada para outras leituras. Acho que o que falta para o Brasil ler mais não é exatamente ter mais livros, mas sim, acabar com aquela concepção que vem das escolas com métodos antigos: de que livros de verdade são as leituras consagradas. Deixa o povo ler de Minecraft, de youtubers, de receitas, de jogador de futebol, de Larissa Manoela, gibis, revistas, bulas de remédio. O importante é encontrar um tipo de leitura que transcenda a concepção que ela tem sobre o livro e a leve a procurar cada vez mais leituras. xD

EL&E: Se você pudesse falar com um futuro escritor que estivesse com medo de publicar seu projeto, 3 coisas que você diria a ele que só a vida de escritor publicado lhe ensinou?

  1. Seja você mesmo, seja verdadeiro: tenha confiança no que você gosta de escrever, e não pense em somente agradar os outros. Se vocês está feliz fazendo o que faz, vai conseguir transmitir isso para os outros, isso é o mais importante. xD
  2. Não pense em ser famoso: pense em fazer seu livro chegar até as pessoas. Ganhar fama é consequência de esforço e trabalho bem-feito. Citando uma frase do dorama**: "Não existe milagres, existem esforços e muita dedicação."
  3. O trabalho nunca acaba: você não vai fazer uma obra-prima de primeira e é capaz de nunca fazer. Então, não fique nessa de "não vou tentar publicar porque acho que não está bom". Nunca vai estar xD. E se você ficar esperando até ele ser o melhor do mundo, pode ser tarde demais, as oportunidades podem ter passado. xD
EL&E: Como funciona um financiamento coletivo para vocês, escritores, e para nós, ansiosos leitores? Por que investir nesses projetos?
L.A.: Olha, nunca tentei um financiamento coletivo, e particularmente não tentaria esse meio. Mas, é muito mais pela minha personalidade: fico sem chocolate e cinema, mas junto dinheiro para fazer o que quero e acredito xD. No geral, acho que pode ser uma forma de conseguir algo nesse meio tão difícil que já falamos lá na pergunta sobre as editoras investirem em livros internacionais. Só que, ao mesmo tempo, vem a questão: o trabalho depois do publicar é muito mais difícil. Você conseguir o financiamento para publicar não quer dizer que está tudo feito. Por isso, se for iniciar um projeto assim, é preciso também pensar no além: na divulgação, na distribuição, nos eventos... E, para colocar isso de forma real em um projeto, é preciso estudar bastante xD.
Enfim, resumindo: acho que funciona, mas se não for bem baseado e no fim não dar certo por falta de planejamento, o que você dirá para quem te ajudou? É muita responsabilidade! xD

EL&E: Deixe um recado aos nossos leitores e aos aspirantes a escritores:
L.A.: Leitores: Continuem sendo difíceis de agradar e não aceitem facilmente qualquer história, deixem tudo mais difícil para nós, escritores. Dessa forma, somos obrigados a tentar sempre fazer o nosso melhor e, daí, imaginem quanto sucessos podem surgir? xD
Também, lembrem-se de que, por mais que sejam amigos de certa pessoa, se o que ela escreveu está ruim é sua obrigação de amigo alertá-la. Melhor levar um golpe de quem quer o nosso bem. xD

Aspirantes: Senhor nunca é demais! Tentar é difícil, mas mesmo que não dê certo como você imagina, pode dar certo de outra maneira. A construção do caminho para se chegar até um objetivo pode ser mais gratificante do que o resultado! xD

TRIVIAS: A Lhaisa participa do grupo de escritores LAP, faz parte de ALEFI (Academia de Letras de Foz do Iguaçu) e coordena o Selo Lumus da MODO Editora.

E então? Não é uma maravilinda essa Lhaisa?! Nós achamos! <3

Cada vez que trouxemos uma entrevista, é uma grande emoção para nós e não temos como agradecer o suficiente por cederem essa atenção e responderem às nossas perguntas.
E esperamos que curtam também essa... comoção maravilinda e que se divirtam, tanto quanto a gente!

Então comente e nos digam o que acharam... qual autor ou autora gostariam de ver por aqui na próxima entrevista... sugiram assuntos para abordarmos no "Produto Nacional" também!


*Fanfic - Fan Ficition = Ficção Escrita por Fã. História escritas sobre um universo já existem (livro, HQ's, filmes, séries...) pelos fãs da mesma.
**Dorama - Uma variação japonesa do termo em inglês "Drama", usado para designar séries também - nesse caso não é um gênero.

P.S.: Fiquem de olho no nosso instagram, que vai rolar sorteio com alguns marcadores de Almakia e Princess vs Witch (entre outros bem legais também!).


Nos "vemos" na próxima!

Carinhosamente,
Equipe EL&E

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