Sejam bem-vindo a mais uma Resenha.
Hoje vamos falar um pouquinho sobre um assunto que pode assustar muitas pessoas enquanto outras levam de "boas".
A morte.
Para alguns é um assunto evitado e delicado, mas para pessoas como Caitlin é rotina. Nesse livro ela conta algumas experiências vividas nessa jornada de trabalhar num crematório e ergue os véus que envolvem esse assunto quase tabu.
Bora conhecer mais sobre o livro.
TÍTULO:
Confissões do Crematório
TÍTULO
ORIGINAL: Smoke
Gets In Your Eyes
SÉRIE:
---
AUTOR(A):
Caitlin Doughty
EDITORA:
DarkSide Books
PÁGINAS:
260
SINOPSE:
Ainda
jovem, Caitlin conseguiu emprego em um crematório na Califórnia e
aprendeu muito mais do que imaginava barbeando cadáveres e
preparando corpos para a incineração. A exposição constante à
morte mudou completamente sua forma de encarar a vida e a levou a
escrever um livro diferente de tudo o que você já leu sobre o
assunto.
Confissões do Crematório reúne histórias reais do dia-a-dia de uma casa funerária, inúmeras curiosidades e fatos filosóficos, históricos e mitológicos. Tudo, é claro, com uma boa dose de humor. Enquanto varre as cinzas das máquinas de incineração ou explica com o que um crânio em chamas se parece, ela desmistifica a morte para si e para seus leitores.
O livro de Caitlin – criadora da websérie Ask a Mortician – levanta a cortina preta que nos separa dos bastidores dos funerais e nos faz refletir sobre a vida e a morte de maneira inteligente, honesta e despretensiosa – exatamente como deve ser. Como a autora ressalta na nota que abre o livro, “a ignorância não é uma bênção, é apenas uma forma profunda de terror”.
Confissões do Crematório reúne histórias reais do dia-a-dia de uma casa funerária, inúmeras curiosidades e fatos filosóficos, históricos e mitológicos. Tudo, é claro, com uma boa dose de humor. Enquanto varre as cinzas das máquinas de incineração ou explica com o que um crânio em chamas se parece, ela desmistifica a morte para si e para seus leitores.
O livro de Caitlin – criadora da websérie Ask a Mortician – levanta a cortina preta que nos separa dos bastidores dos funerais e nos faz refletir sobre a vida e a morte de maneira inteligente, honesta e despretensiosa – exatamente como deve ser. Como a autora ressalta na nota que abre o livro, “a ignorância não é uma bênção, é apenas uma forma profunda de terror”.
RESENHA:
Já começando, direto e reto,
pelo tema.
Ao
tema, não estamos acostumados a entrar tão profundamente num mundo
como o da Caitlin e máximo de contato que a maioria das pessoas
tem, durante toda a vida, são velórios de parentes ou amigos e esse
é o único momento em que se deparam com um cadáver. O tema é
“deep” para a psique comum humana, pois estamos ligados
fortemente por laços que vão muito além da carne e é aí que
ambos os lados se mesclam.
Caitlin,
como explica no livro, nunca imaginou-se trabalhando como uma agente
funerária e ela nos apresenta essa novidade com seu primeiro
cadáver, um senhor de idade ao qual ela deveria barbear. Um ato
simples, mas que ganharia toda uma diferente gama de impressões ao
deparar-se com corpo inerte sobre uma mesa fria.
Ela
cria uma linha, tão visível entre a vida e a morte ao ponto de ser
impossível ignorar todas as questões que aprendemos a temer sobre o
fim da vida. Independente de todas as suas crenças – ou a falta
delas – o assunto acaba batendo à sua porta em algum momento da
vida.
Além
das questões intangíveis, somos apresentados a toda a indústria
funerária – do ponto de vista dos EUA – como funciona e como
está tão intrincada quanto qualquer outro comércio popular.
De
certa forma, pode-se dizer que é manipulativa, pois há uma frieza
em mascarar o que a morte realmente é e esse é um dos principais
assuntos que a autora aborda.
Hoje,
tratamos a morte como algo distante, no sentido de que queremos
manter distância desse evento, fomos ensinados a temer a morte e ver
apenas o “lado” negro, como uma verdadeira peste. Caitlin nos
faz refletir sobre como devemos lidar com esse momento, pois as
pessoas acabam achando mais confortável que outros lidem com aquilo.
“Podemos
nos esforçar para jogar a morte para escanteio, guardando cadáveres
atrás
de portas de aço inoxidável e enfiando os doentes e moribundos em
quartos de hospital.
Escondemos
a morte com tanta habilidade que quase daria para acreditar
que
somos a primeira geração de imortais.
Mas
não somos. Vamos todos morrer e sabemos disso.”
Página
13
Querendo
ou não, estamos sujeitos a isso desde o momento em que líderes
religiosos “perderam” sua função em conduzir as famílias do
falecido, sendo um trabalho mais comum para médicos – como vemos
em muitos casos de pessoas que morrem em hospitais. Isso acabou
distanciando as pessoas do lado cerimonial de tudo.
Todas
essas questões nos fazem pensar profundamente em nossas próprias
crenças sobre a morte.
E
Caitlin trata disse de uma maneira dupla, onde ela tem uma escrita
nada rebuscada e mais coloquial, tornando assim, a leitura prazerosa.
Ao mesmo tempo em que sabe “manipular” os elementos que envolvem
esse tema, nos apresentando um livro muito além das expectativas.
Não
é uma leitura pesada, mas pode não ser apropriada para algumas
pessoas – sim, existem algumas partes nojentas em descrições –
mas não são todas as pessoas que vão entender a importância que
devemos dispensar para o assunto, não por queremos prolongar nossa
vida e temer a morta e sim, para sabermos lidar quando a
presenciamos.
Caitlin
nos apresenta vários casos e a relação da família perante o
falecido, seus pensamentos e a maneira com que algumas pessoas lidam
com isso… algumas nem se preocupam, agem como se não fosse nada,
enquanto outras zelam aquele
momento.
Não
se trata de um livro apenas de casos transcritos pela autora, mas,
sim, de uma autoanalise, autoconhecimento e entendimento. É uma boa
maneira de desmantelarmos alguns mitos e crenças desnecessárias
sobre a morte.
E
falando um pouco sobre a edição… acho que nem preciso mencionar o
excelente trabalho da DarkSide, nee?! A arte externa e interna é
fenomenal!!! Está com uma diagramação perfeita também!
DarkSide
Books, vocês são 10!!!
MINHA
OPINIÃO: Eu me surpreendi
muito com essa leitura, tanto pelo tema quanto pela maneira com que
Caitilin abraçou sua profissão. Pois vamos ser sinceros, não são
todas as pessoas que possuem uma estrutura psicológica para lidar
com algo assim… se tornar uma agente funerária.
E
gente, não há nenhum problema nisso, é o que somos… é o que nos
compõe. A proposta principal da Caitlin é nos mostrar o
“backstage”/bastidores dessa indústria de uma maneira que não
nos foi apresentado, ao mesmo tempo em que aborda o tema para o lado
não-físico.
Em
comparação com os EUA, o Brasil não sabe como… tratar de temas
assim e isso é por conta de uma gama de motivos, em principal por
não estar na nossa cultura popular. Nos EUA, há uma cultura – não
tão popular, mas menos submersa do que por aqui – onde a morte é
vista com outros olhos, onde
ela é cultuada e respeitada.
Isso
foi o que mais me fez pensar no quanto fomos facilmente corrompidos
durante séculos – infelizmente isso é uma memória secular*
– e em como criamos uma barreira de distanciamento ainda maior
quando nos deparamos com alguém que cultua a morte – como esse é
o tema, vou me ater apenas a ele.
É
um livro de autoajuda? Não, exatamente. É um livro de
autoconhecimento, o que é muito diferente. Ele faz com que você
encare de frente a morte, encare seus próprios medos e crenças,
fazendo com que você se questione – no bom sentido – e entenda
que, por mais duro que possa ser, é um momento que chega para todos,
pois é a natureza das coisas.
Eu
realmente não estava esperando toda essa perspectiva amplo do livro.
Apesar de me interessar pelo assunto, não estava achando que teria
essa magnitude envolvente com a qual Caitlin enreda nossas mentes.
Não
é, de modo algum, uma leitura convencional. Não é uma ficção. E
também não é um tema que vai agradar a grande maioria, mas, com
certeza, vai te surpreender! Recomendo para aqueles que não se
importam de erguer esse véu e caminhar por um lado desconhecido ou
pouco visto.
*Memória
Secular: São impressões que
nos foram impostas há muitos séculos atrás e que permanecem até
os dias de hoje. Quase como “memória muscular”, porém mais
destrutiva do que a outra.
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Até a próxima Resenha!
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Carinhosamente,
Equipe EL&E
Mesmo achando que teria medo, sempre quis ler esse livro haha. Gostei bastante da resenha!
ResponderExcluirBeijos,
Clarissa do Próxima Primavera
Oi Clarissa, tudo bem?
ExcluirObrigada! E não tenha medo, mesmo que o assunto seja "tabu", ele é abordado de maneira informal - por assim dizer - o que torna a leitura bastante agradável.
Super recomendamos!
Beijos!