28/12/2016

Produto Nacional: Entrevista com Bianca Gulim


Olá, people!!!
Sejam bem-vindos a mais um "Produto Nacional"!

E hoje, ainda na vibe "celebrate" com a nossa parceira, a autora Bianca Gulim, trouxemos a entrevista que fizemos com ela - não podíamos perder a chance, claro ;)

Bora lá, conhecer um pouquinho mais da Bia - minha xará hihihi


EL&E: Quando você começou a escrever?
B.G.: Eu nunca tinha pensado em escrever um livro , até que em 2015 eu sai do mundo corporativo e passei a ter um pouco mais de tempo para mim. Então comecei a escrever o Sobreviventes do Caos.

EL&E: Como é para você escrever? (O que sente? O que te motiva a contar histórias? O que acredita que elas fazem com quem as lê? Como é seu processo de criação?)
B.G.: Identifico escrever como algo prazeroso, que eu tenho facilidade em fazer e que pode se tornar uma profissão. Me sinto muito bem escrevendo e imaginando a reação dos leitores ao se depararem com a situação que estou narrando. Acho que meu livro fará os leitores se sentirem como a protagonista, que narra a história em primeira pessoa.  Acredito que quando o livro é bem escrito, o leitor entra no universo criado pelo autor, sente o que o narrador está descrevendo, que está sentindo...não com tanta intensidade, é claro.
Meu processo de criação é muito simples. Imagino as cenas e transcrevo. 


EL&E: O que inspirou a escrever sobre o universo dos seus livros? 
B.G.: Minhas leituras, com certeza. Sempre li muito, em maioria livros de ação com romance. Distopias e vampiros sempre tiveram um espaço maior na minha estante. Sempre gostei de imaginar a reação de pessoas em situações perturbadoras. Quem se tornaria violento? Quem conseguiria o que queria apenas com palavras? Quem teria tanto medo que não teria reação alguma? Quem entregaria um amigo para se safar? O que sempre gostei nas distopias é que é preciso criar um mundo novo. Como a raça humana reagiria em um pós apocalipse? É o que descrevo em Sobreviventes do Caos.
Quanto às cenas quentes, o que me inspirou foi minha indignação em ler diversos livros onde eu acompanhei o casal, sofri com as brigas, sorri nos momentos bons... para no final ler a descrição de no máximo um beijinho?! Eu sempre quis mais. No meu livro, os leitores terão mais. <<< cara, a gente ama isso - Equipe EL&E

EL&E: Qual personagem você teve mais prazer em escrever? Por que?
B.G.: Ah, essa pergunta sempre surgi e é sempre difícil responder. Acho que a Celine, mesmo. Por que ela é a protagonista, é quem narra a história. São os sentimentos dela que vêm a tona. 

EL&E: Na(s) trama da(s) sua(s) história (s) tem algum elemento ou fato que retirou da sua vida pessoal, algum trauma ou experiência marcante fantasiada na narrativa? 
B.G.: Não, foi tudo imaginado mesmo.

EL&E: Qual foi o autor ou autora que mais lhe inspirou a escrever? Qual frase ou ação dele (a) que lhe motiva até hoje e que usa como referência de grandes mudanças na literatura? 
B.G.: Tenho como referência a autora J. R. Ward. Sou fissurada em uma série dela: Irmandade da Adaga Negra. Acho que ela faz um excelente trabalho ao equilibrar romance e ação.  Acho isso muito importante para um livro ser completo. Eu sempre acho que nas distopias falta trabalhar mais o romance. E acho livros de romance um tédio, por que falta ação.

EL&E: Possui alguma mania ou peculiaridade quando esta escreve? Por exemplo, coloca um estilo de música especial, se tranca num quarto por horas, faz jejum enquanto escreve um capítulo, escreve de pé, etc. 
B.G.: (rindo muito como os exemplos da pergunta). Busco apenas um lugar silencioso para poder me concentrar e confortável para poder ficar horas escrevendo.

EL&E: Há diversos autores que foram consagrados com um gênero específico de literatura e quando escreveram algo fora disso, não foram tão bem-sucedidos. Hoje, você se imagina escrevendo algo diferente do estilo que vem publicando? E, se sim, como acha que lidaria se o seu novo gênero não fosse tão bem-aceito com o anterior? 
B.G.: Hoje eu escrevo uma série de distopia, e acho que serão os únicos 3 livros desse gênero. Não me imagino criando outro mundo pós apocalipse, seria muito difícil me desvincular do que já criei no Sobreviventes. E 3 livros do mesmo gênero tá bom, né?! Depois da série eu planejo um suspense. Algo sobre um serial killer. Mas é apenas uma ideia, nada que eu tenha refletido muito. O que eu sei é que meus próximos livros com certeza terão ação e romance. Não conseguiria fugir muito disso. Jamais escreveria um livro apenas sobre um casal e seu romance, acharia tedioso demais.
Acho que eu lidaria bem com a crítica negativa. Se meu objetivo fosse ganhar dinheiro com novas obras, escolheria o gênero que a crítica foi positiva. Se meu objetivo fosse escrever o que quero, independente da repercussão, escreveria o que estivesse com vontade e não me abalaria com as críticas. 

EL&E: Como você publicou seu livro? Como foi o contato com a editora: você a procurou ou ela procurou?
B.G.: Meu livro foi publicado pela Epifania, editora a qual eu fundei com minha sócia. Sempre achamos um absurdo muito grande o valor de direitos autorais pagos pelas editoras. O autor é o responsável pela história, me parece justo que ele seja quem mais ganhe com as vendas. Então fundamos a Epifania, sem pensar muito em lucro. Os objetivos principais são democratizar o acesso e a produção de literatura e oferecer uma remuneração justa aos profissionais envolvidos. 

EL&E: Como encara o alto investimento de grandes editoras em livros internacionais? 
B.G.: Essa é uma discussão complicada. A partir do momento que elas optam pelo lucro em primeiro lugar, estão agindo de acordo. Elas buscam os livros que mais vão vender, e esse é um direito delas. Eu acho que elas poderiam balancear um pouco essa escolha e investir também em autores nacionais. Até por que muitos jovens escritores brasileiros criam histórias que tem grande potencial em vendas. 
Talvez seja mais fácil investir diretamente em autores famosos, do que ficar lendo inúmeros originais até encontrar um talento potencial (convenhamos, o que as editoras devem receber de material ruim, não tá escrito!). 
Acho que tudo depende do que motivou o empreendimento. O que parece é que as grandes editoras priorizam o lucro, mas não quero ser injusta, não sei o que se passa lá dentro. De modo geral, acho que falta uma dedicação para obras nacionais, sim!
De qualquer maneira, com a internet as coisas ficaram muito mais fáceis para o escritor. Ele pode se auto publicar em várias plataformas de e-book. Pode investir um pouco de dinheiro e imprimir alguns exemplares. Pode fazer a divulgação do seu livro gastando pouquíssimo (um beijo enorme pra todos os blogueiros literários, vocês são demais e fazem toda a diferença nesse processo!), pode jogar sua história no Wattpad e ter milhões de visualizações. Dependendo do tema do livro, da até para conseguir financiamento pela Lei Rouanet. Hoje acho que o autor não tem mais aquela “desculpa” que nenhuma editora se interessou por sua obra e por isso ele nunca terá sucesso. No meio digital, basta estar afim e ter um pouco de dinheiro que você consegue!

EL&E: Em relação a arte da capa e da parte interna do seu livro, você gerenciou ela meticulosamente ou deu a ideia de como imaginava e criaram para você?
B.G.: No texto eu fui bem chata. Coitada da minha editora e revisora. 
Muitas vezes elas fizeram sugestões para alterar o texto, que de fato ficaria esteticamente mais bonito. Mas, para mim, alterava o sentido da fala, então não aceitava. Minha revisora me avisou de alguns vícios de linguagem, mas eu não alterei também. Ora, a narração é em primeira pessoa. Minha personagem também não teria vícios de linguagem em sua mente? 
Nossa, eu li esse texto tantas vezes que nem pude contar... RS.
Já com a arte de capa fui tranquila. Eu confio muito no artista e sabia que ele faria um trabalho incrível. No começo eu pedi a capa com a Celine, Max e Luke. Mas não gostei muito, por que deu a impressão de eles serem vilões, provavelmente porquê Max segurava um revólver.  Aí pedi pra mudar e deixar só a Celine e o Lobo. Gostei muito do resultado.

EL&E: Como você, escritor e também amante da literatura, explicaria o fato dos brasileiros leem tão pouco? Que medidas você acredita que deveriam ser feitas para melhorar nossa média anual de leitura? 
B.G.: Acho que a explicação é a cultura. Minha família sempre me incentivou muito a ler. Se eles não o tivessem feito, eu seria uma leitora voraz? Acho que não...
Pra começar, democratizar o acesso à literatura. O e-book poderia ser um grande aliado nessa luta. É muito barato produzir um e-book, você só gasta com a mão de obra, e tem muita gente por aí disposta a trabalhar de graça por esse propósito, por que enxergam a literatura como fonte de mudança cultural. Mas, mesmo assim, as grandes editoras cobram quase o mesmo valor em um e-book que cobram no formato físico. E, infelizmente, isso acarreta em a obra alcançar menos leitores. 
Tem que mudar a educação, familiarizar as crianças com a leitura desde cedo. Mas essa discussão vai além, envolvendo política, cidadania...é um debate longo!


EL&E: Se você pudesse falar com um futuro escritor que estivesse com medo de publicar seu projeto, 3 coisas que você diria a ele que só a vida de escritor publicado lhe ensinou?
B.G.: Olha, eu ainda não tenho uma viiiiiida de escritora, RS. Estou pra publicar o meu primeiro livro.
Eu acho que diria:
- Medo do quê? De as pessoas não gostarem? Dane-se! Escreva pra você, e se achar que fez um bom trabalho, publique. Opinião cada um tem a sua. Você vai ter seu público. Ele pode ser pequeno, mas existirá. Tem gente pra se gostar de tudo nessa vida, garanto. Se isso não te convenceu, publique no anonimato e veja o que acontece, a reação das pessoas. Quando se sentir confortável, revele-se.

- Busque opiniões de pessoas confiáveis. Há vezes em que nos cobramos demais e achamos que nosso trabalho ficou ruim, quando na verdade está ótimo. E há vezes em que a vaidade nos faz achar que nosso trabalho está ótimo, quando na verdade está ruim.  Acho que só a sua própria opinião é pouco, busque ajuda.

- Eu sei que se auto publicar é tentador em um mercado onde os escritores ganham em média 6% do que vendem. Super te apoio a publicar seu livro sem o trabalho de uma editora por trás. Mas, meu amigo, não publique um livro sem antes profissionais trabalharem nele. No mínimo, um preparador de texto e um revisor. Por mais que você seja um grande amante da língua portuguesa e se garanta na ortografia, não é suficiente. Os erros ortográficos e de digitação passam até por revisores experientes. O ideal é pelo menos duas pessoas trabalhando no seu texto, além de você. Publicação com erro não rola!
E, não é só uma questão de ortografia. Tenho um bom exemplo de Sobreviventes: em determinado momento da minha escrita eu me incomodei por que na minha história não tinha nenhum personagem negro. Eu não queria uma história só com personagens brancos, não faria sentido. Então, ao descrever um personagem, citei que ele era negro. Para minha surpresa, minha editora me liga pra falar que esse trecho poderia ser interpretado como preconceito. Ora, estou fazendo questão de ter várias raças na minha história, como isso pode ser interpretado como preconceito e não o oposto? Acontece que em nenhum momento na história, enquanto eu descrevia outros personagens, eu citei que a pessoa era branca. Por que citar então que um deles era negro? Enfim, esse assunto poderia gerar uma discussão enorme. Para evitar problemas, tiramos do texto a descrição de qualquer raça. 
Agora eu te pergunto: eu, como autora, ia pensar nisso? NUNCA! Palmas pra minha editora, Giovana Valent!

EL&E: Como funciona um financiamento coletivo para vocês, escritores, e para nós, ansiosos leitores? Por que investir nesses projetos? 
B.G.: O financiamento coletivo é simples. O autor cria um projeto em uma plataforma de financiamentos coletivo e cada um contribui com o que pode/quer. Quando o valor necessário é atingido, o autor retira o valor para publicar o livro e dá algum tipo de recompensa para os investidores: um post de divulgação em redes sociais, um livro impresso, algo nesse sentido. O motivo do investimento pelo leitor dependerá de cada um: vontade de ler a obra, ajudar o autor que tem afinidade, acreditar na proposta que “juntos realizamos algo maior”....

EL&E: Deixe um recado aos nossos leitores e aos aspirantes a escritores:
B.G.: Aos leitores gostaria de dizer que o meu livro foi feito com muito carinho, e tenho certeza que os fãs de distopia vão adorar! A obra foi criada pensando nesse público alvo. Acho importante dizer que o interesse do leitor é a maior motivação para o autor, pelo menos para mim. É muito bacana quando o leitor interage, comentando sobre o livro, recomendando para um amigo, pedindo sequência...
Aos leitores blogueiros, gostaria de dizer que o trabalho deles é fundamental para a repercussão de um livro. Eu, sinceramente, não sei como teria divulgado o Sobreviventes sem o apoio dos blogueiros. E não se deixem levar pelas pessoas que acham que “blogueiro” não é uma profissão. É sim, e traz mais retorno que outras profissões. Com a evolução tecnológica novas profissões surgem, e antigas se extinguem. Algumas pessoas demoram para entender essa realidade, acham que é fácil ser blogueiro, e isso é uma ilusão. É trabalhoso e exige muita dedicação. Parabéns a todos os blogueiros que se dedicam na repercussão das obras, isso é um enorme incentivo para os profissionais do livro.

E para os aspirantes a escritores, eu diria para não desistirem, se é isso que querem fazer da vida. É uma profissão difícil, mas deliciosa. Como disse anteriormente, hoje tudo está mais simples. É possível, basta querer e ter disposição! Vá em frente, busque editoras menores que acreditem no seu trabalho, ou realize esse sonho sozinho. Vai que dá! RS.

P.S.: Não esqueçam de clicar aqui do lado e conhecer o Wattpad da Bia!!! >>>

E então, curtiram? A gente curtiu pacas!!!
Logo mais teremos surpresas sobre Sobreviventes do Caos, então não deixem de conferir os post!
Comenta aí, vai... a gente gosta de comentários! 



Carinhosamente,
Equipe EL&E

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